Mário viveu entre 1893 e 1945, e sobre o tema da música publicou muito e dispersamente. Foi um músico de formação erudita, além de professor na área, que desde jovem e por toda a vida manteve acesa a atenção para os fenômenos musicais não eruditos, que vão do popular mais elementar, como uma cantiga ancestral de roda, ao mais elaborado, como a canção gravada em discos, eventualmente orquestrada para músicos que sabiam ler partitura, vendida com sucesso no mercado e validada pelo assobio anônimo. Entre os vários pontos extremos desse quadro — o polo erudito e o popular, tradição escrita e tradição oral, instrumentos de concerto e instrumentos de batuque, campo e cidade, sagrado e profano, individual e grupal —, mundos inteiros se apresentam e simbolizam a experiência humana em seus múltiplos e contraditórios aspectos, e da mesma forma se cruzam e realimentam, por variados caminhos e com diferentes intensidades.